sábado, 5 de junho de 2010

LAR PARA CÃES GUIAS JÁ RETIRADOS

Vem do Japão uma das melhores imagens que se pode ter sobre o respeito pelos animais, em geral, e pelos cães, em particular.
Em Sapporo, na ilha de Hokkaido, foi criado em 1978 um lar para cães-guia que atingiram a idade limite para trabalhar e que necessitam de um último lar que os acolha na velhice, com todos os cuidados, como os que estes animais tiveram antes para alguém que precisou deles.
Esse espaço, o Casa de Repouso para Cães Sapporo, acolheu desde que foi fundado, há quase 33 anos, mais de duas centenas e meia de cães-guia que ali cumprem um período de transição entre o fim da sua vida útil como cães-guia e o início de uma velhice que se espera tranquila. Esta nova fase tem de ser «aprendida» pelos animais, já que durante muitos anos viveram com muitas regras e comandos que nesta altura da sua vida deixam de fazer sentido, pois não vão mais ser necessárias. Os cães-guia deixam de ser utilizados para trabalhar por volta dos 11 ou 12 anos, pois é por essa altura que começam a perder algumas das suas inegáveis qualidades e podem assim colocar em risco a vida daquele que tentam ajudar e proteger no dia-a-dia, mas também a sua.
Pensado ao pormenor
Conscientes das necessidades desses cães, do válido trabalho que realizaram e da dificuldade que existe na separação entre os cães e os donos que serviram, a Associação de Cães-Guia de Hokkaido criou então, em 1978, este centro exemplar onde tudo foi pensado para que a vida desses animais fosse facilitada.
As instalações foram pensadas ao pormenor. Não existem escadas, mas antes rampas com pouca inclinação, para que subi-las seja fácil para os cães. Existe um SPA, um ginásio, uma enfermaria, camas individuais, espaço comum, jardim cemitério e até um pequeno altar onde todos os anos é celebrado um serviço religioso em memória dos cães que por ali passaram e que já morreram.
Para cuidar dos animais existe um conjunto de pessoas que trata do espaço e dos animais 24 horas por dia, fornecendo-lhes a alimentação, cuidados de saúde permanentes, passeios e mimos que passam por banhos, escovagem e até massagens.

Muitos dos animais que por ali passam acabam por ter já muita falta de mobilidade e precisam de quem os vire, os limpe e os alimente e para isso há sempre um par de mãos disponível, para que a vida dos animais seja o menos sofrida possível, quando se encontram nessas condições terminais.
Não satisfeitos ainda com as já excepcionais condições das instalações, a direcção da instituição está já a pensar triplicar a área comum destinada aos cães e ainda tentar melhor as condições até aqui criadas.
Depois de Sapporo
Nem todos os cães que passam pelas instalações da Associação de Cães-Guia de Hokkaido ficam aqui até ao fim dos seus dias. Muitos voltam às famílias que os acolheram em cachorros, outros são adoptados por novas famílias e outros até acabam por encontrar abrigo nas casas dos funcionários e voluntários da instituição. O facto de serem animais com muitas regras interiorizadas e muito tranquilos ajuda numa primeira fase à sua adopção e, depois de passarem por esta instituição, na sua integração.
O Testemunho
O presidente da Associação de Cães-Guia de Hokkaido, Norio Sasaki, deu uma entrevista a uma cadeia noticiosa japonesa onde explicava a importância da criação desta instituição e lembrou o seu próprio caso, já que ficou invisual com quase vinte anos. Durante cerca de dezoito anos, utilizou uma bengala própria para se deslocar, mas a sua mobilidade estava muito reduzida, e não podia por exemplo conversar enquanto se deslocava, já que a sua atenção tinha de estar completamente posta nos obstáculos que ia encontrando e que tinha de contornar. Por volta dos 38 anos, teve acesso a um cão-guia e, desde então, a sua vida melhorou significativamente, já que a confiança e a segurança que o cão lhe transmitia permitiu aumentar bastante a sua qualidade de vida enquanto invisual. Desde então, já teve necessidade de trocar de cão e o anterior, que tão boas condições de vida lhe permitiu ter, foi viver para a casa de repouso canina - este cão viveu quase vinte anos.
Mas nem tudo é fácil, ainda, no Japão. Apesar de já haver leis que estabelecem a possibilidade de os cães entrarem em todos os locais onde o dono vá, muitas vezes são ainda confrontados com alguma ignorância, de condutores de transportes públicos, de táxis, porteiros de hotel ou empregados na área da restauração que se recusam a deixar entrar os cães, mas as mentalidades parecem estar a mudar rapidamente.

Até lá, a Associação de Cães-Guia de Hokkaido vai continuar a treinar cães-guia para aqueles que precisam, a acolher o melhor possível os cães no fim da sua vida útil e a tentar alterar as mentalidades daqueles que fecham as portas aos invisuais quando acompanhados pelo seus cães.
Cão-guia facilita a socialização de deficientes visuais
Há dois anos, o músico e escritor Alexandre Reis começou a utilizar um cão-guia, e então passou a vivenciar novas experiências em sua vida. Hanna, uma labradora de cor chocolate, tem três anos de idade, e é um dos poucos cães-guias hoje no País.
“De temperamento alegre e muito atenta, Hanna é muito mais que um guia, é uma companheira fiel em todos os momentos, tanto no trabalho, quanto nas horas de lazer. A relação entre nós é de total cumplicidade, sustentada sempre por muito amor e respeito”, comenta Alexandre. No dia a dia, Hanna acompanha Alexandre nas palestras que realiza, nas viagens e caminhadas.
Diferentemente de países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, onde a atividade de cão-guia é bastante desenvolvida, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que o Brasil tem quase 150 mil cegos. E o número de cães-guias em atividade hoje não chega a 100.

Embora a atividade ainda seja pouco disseminada no Brasil, existem algumas instituições no país que trabalham para o treinamento de cães-guias. Exemplo disso é o Projeto Cão-guia do Intregra, localizado em Brasília (DF), pioneiro no Brasil no adestramento de cães-guias e que conta com o apoio da Bayer HealthCare
Criado em 2001, o Projeto tem como principal objetivo proporcionar aos deficientes visuais mais autonomia e independência em suas relações na sociedade e no mercado de trabalho.

“Apoiar o Projeto Cão-guia do Integra vai ao encontro da missão do Grupo Bayer em promover a responsabilidade social e também dos objetivos da companhia em proporcionar melhor qualidade de vida para as pessoas. Como resultado da parceria que temos hoje com o Projeto, todos os cães recebem cuidados especiais, que garantem a qualidade de saúde de todos eles, o que é fundamental para um bom desempenho em suas atividades como guias”, comenta Sylvia Dell Áquila, chefe de Marketing da linha de Animais de Companhia da Bayer.
O Projeto conta com um complexo de treinamento, que dispõe de maternidade, centro veterinário, área de lazer para os animais, área com simulação de uma minicidade, além de alojamento para os deficientes visuais que participam do projeto, os quais permanecem no local, em média 25 dias para os treinamentos e adaptações com os cães.
“Proporcionamos uma melhoria na qualidade de vida do deficiente visual, não só por propiciar a mobilidade e segurança dessas pessoas, permitindo o acesso ao estudo e qualificação profissional para o mercado de trabalho; mas também por possibilitar uma maior socialização, e desta forma, elevar sobremaneira a sua auto-estima”, explica Michele Pöttker, coordenadora administrativa do Projeto Cão-guia do Integra.

Até hoje, o projeto já entregou cães a deficientes visuais de diversos estados do país, os quais recebem não apenas um permanente suporte técnico, mas também cuidados veterinários durante toda a vida de seus cães, oferecidos pela Bayer HealthCare.
http://www.plugpet.com.br/?c=7&s=Noticias&i=207

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